Perícia confirma que explosão no Residencial Maceió foi causada por transbordo irregular e vazamento de gás
09/12/24
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A declaração foi dada pelas equipes da Polícia Científica e Corpo de Bombeiros
A Polícia Científica e Corpo de Bombeiros de Alagoas confirmaram, nesta sexta-feira (6), que a explosão no Residencial Maceió I, no bairro Cidade Universitária, na capital alagoana, foi provocada por um vazamento de gás e pelo armazenamento inadequado de botijões.
A declaração foi dada pelas equipes dos dois órgãos que atuaram na ocorrência que casou a morte de três pessoas.
Na coletiva realizada no auditório do Instituto de Criminalística, no Centro de Maceió, os representantes das instituições apresentaram detalhes dos laudos periciais da Polícia Científica e do laudo administrativo elaborado pelo Corpo de Bombeiros.
A perita-geral Rosana Coutinho e o diretor do Instituto de Criminalística, perito criminal Charles Mariano, destacaram a qualidade dos laudos, e o trabalho em conjunto com o Corpo de Bombeiros, desde o dia da explosão.
“A integração entre as instituições da Secretaria de Segurança Publica e a multidisciplinaridade da equipe do Instituto de Criminalística foi fundamental para contribuir na elucidação do caso. Os exames complementares e a perinecroscopia também contribuem para se chegar à causa determinante. As equipes da Polícia Científica, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Cívil dão, mais uma vez, uma resposta rápida e assertiva para a população alagoana”, destacou Charles Mariano.
Segundo o perito criminal Gerard Deokaran, a explosão teve um impacto de aproximadamente 155 metros, resultando no desabamento do prédio e em danos severos em outras unidades. A investigação apontou que o vazamento de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha, originado no apartamento 731 B, o epicentro da tragédia, foi causado pelo armazenamento incorreto dos botijões e o transbordo irregular de um botijão para outro.
O perito criminal Marcelo Velez destacou o raio e a quantidade de destruição que foi constatada na perícia do local. Mais de 100 unidades habitacionais foram examinadas pelas equipes. Ele explicou que a existência de modificações irregulares no layout das unidades residenciais contribuiu para a propagação do evento explosivo.
“Lembramos que é proibida a realização de alterações sem inspeção e aprovação prévia de um engenheiro projetista responsável. Em decorrência dessas modificações estruturais das paredes do piso térreo, é possível que tenha acontecido uma fragilização da estrutura como um todo, aumentando o raio de destruição constatado no local”, explicou o perito Marcelo Velez, que ao lado dos peritos criminais Mariela Januário e Paulo Grepino, foi um dos responsáveis pelos exames no Laboratório de Química.
A perícia administrativa do Corpo de Bombeiros ficou sob a responsabilidade dos majores Holanda e J. Alves, que destacaram a importância de ações como esta, reforçando o compromisso do CBMAL não só com o resgate e salvamento, mas também com a realização de pesquisas, estudos e análises para entender a dinâmica de acidentes e, assim, prevenir futuras tragédias.
"A partir dessa perícia, o Corpo de Bombeiros entrega um produto interno, que visa capacitar nossas guarnições para lidar de forma mais eficiente com possíveis eventos futuros semelhantes. Além disso, apresentamos à sociedade as causas identificadas, que resultaram em um evento tão desastroso como este", disse o Major Holanda durante a coletiva.
O major ainda explicou que a conclusão do laudo do CBM foi de um evento indeterminado, não pela inexistência de hipóteses comprovadas, mas, pelo contrário, pela coexistência de hipóteses válidas.
“Uma hipótese é de um evento humano acidental, não intencional, que provavelmente tenha ocorrido, inicialmente, com fósforo, acendimento de um interruptor ou até um isqueiro. Esta é uma hipótese válida. A outra envolve algum fenômeno termoelétrico dentro da própria residência, no mesmo momento em que havia quantidade de gás suficiente para causar a deflagração", concluiu o militar.
Conclusão do inquérito
O delegado Sidney Tenório confirmou que a equipe irá analisar os laudos periciais para definir, junto com a delegada Cassia Mabel, o relatório final do inquérito.
Ele explicou que, em função do falecimento do proprietário do apartamento onde aconteceu a explosão, o Direito Penal fala que pode haver a extinção da punibilidade.
“Dentro do inquérito policial ainda investigamos se existe outra pessoa que participou de alguma forma desse tipo de crime. Mas, com as falas de hoje dos peritos criminais e do Corpo de Bombeiros, a tendência é de o inquérito ser concluído com autoria, mas com extinção da punibilidade pela morte do autor.” Afirmou o delegado.
Relembre o caso
Na madrugada de 7 de novembro, um edifício no conjunto residencial Maceió I, localizado no bairro Cidade Universitária, parte alta de Maceió, desabou após a explosão de um botijão de gás.
O imóvel, composto por dois pavimentos com dois apartamentos cada, foi completamente destruído, resultando na morte de três pessoas: dois adultos e uma criança de 10 anos.
As vítimas fatais foram identificadas como Gilvan da Silva (57 anos), Wesley Lopes da Silva (36 anos) e Tharlysson Felipe da Silva Ferreira (10 anos). Outras quatro pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas ao Hospital Geral do Estado (HGE), localizado no Trapiche da Barra.
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